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Os Desafios das Lideranças em 2025 e nos próximos anos.

Atualizado: 27 de jun.

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Autoconhecimento como Fundamento do Sucesso

Já faz um bom tempo que vivemos em um cenário global marcado por rápidas transformações, conflitos entre países, não apenas no campo diplomático e comercial, mas também com conflitos armados, guerras, que afetam diretamente o ambiente de negócios de forma relevante, levando quem ocupa posições de liderança a uma constatação cada vez mais clara: a incerteza é o novo normal, e a estabilidade no cenário mundial, no campo da geopolítica, nas relações entre países e blocos econômicos, está muito longe de acontecer no curto ou médio prazo.


Diante deste elevado grau de incerteza, liderar e tomar decisões de forma efetiva exige muito mais do que habilidades técnicas ou estratégias e planejamento convencionais que funcionaram em épocas de maior estabilidade. 


Durante a crise econômica de 2008, já como gestor de equipe na Volvo, enfrentei a complexidade de manter o time unido e entregando os projetos, mesmo sob intensa pressão das incertezas futuras e possibilidades de desligamentos. Foram dias difíceis, diálogos tensos com o time e decisões que pesavam no coração. Mas foi a clareza sobre meus valores e a capacidade de gerenciar emoções que me permitiram buscar novos projetos e renegociar os termos dos que estavam em curso, para poder preservar a estabilidade de mais de 80% dos postos de trabalho naquela oportunidade. Éramos 27 pessoas em um time de desenvolvimento de produtos.


Atualmente, atuando como mentor, observo constantemente que a característica que distingue líderes excepcionais, que conseguem navegar por este oceano de incertezas, daqueles que acabam sucumbindo aos inúmeros desafios, está pautada no grau de autoconhecimento que possuem.


Quero trazer alguns números para que vocês possam refletir sobre o que estamos enfrentando:

1. O Fórum Econômico Mundial de 2024 estimou que 30% dos empregos serão impactados pela automação e utilização de Inteligência Artificial (IA) até o ano de 2030;

2. O Instituto Gallup, também no ano passado (2024), apontou que 42% dos profissionais enfrentam situações de esgotamento e insatisfação nas suas atividades atuais.


Agora vamos ser bem honestos: nesse contexto, a liderança tradicional é insuficiente e está despreparada. Como operar estando conscientes de que estamos vivendo uma transformação sem precedentes com a IA, e particularmente acredito que de forma irreversível, e que nossos colaboradores estão mais propensos ao esgotamento físico e mental do que para sugerir novas ideias e insights importantes ao cotidiano em curso? Além disso, precisamos nos lembrar que líderes e gestores não são super-humanos e que também são afetados por todas essas mudanças e desafios.


O meu intuito ao trazer este tema para o debate não é de colocar um ponto de vista pessimista para o futuro. Ao contrário, sou entusiasta da IA e acredito que ela trará muitos avanços para a humanidade, como aconteceu com outras disrupções como o rádio, televisão, telefone, internet, entre outras tantas.


Mas quero sim despertar nos líderes, nos gestores e em você que de alguma forma exerce influência no seu ambiente de atividades, a importância do autoconhecimento como ferramenta fundamental para enfrentar e prosperar neste ambiente turbulento e de mudanças profundas. Apoiado por 28 anos de experiência em ambiente corporativo, e mais recentemente, no acompanhamento de profissionais e líderes em transição, quero propor três pilares essenciais para uma liderança eficaz e impactante, para ser colocada em prática agora e nos anos seguintes.


Não espere por soluções mágicas ou técnicas revolucionárias. O que quero compartilhar é simples e de fato acredito no poder de transformação que esses princípios possuem. Ao abraçar e passar a praticá-los, você fortalecerá sua autoconfiança e a sua influência ocorrerá de forma genuína, tornando-o um líder mais autêntico e inspirador."


1. Valores como Guia Estratégico

Utilize seus valores como o alicerce da sua liderança. Compreenda que eles (valores) não são apenas ideias bonitas colocadas em discursos ou manuais, são o que sustentam a forma como um líder pensa, decide e age no dia a dia. Existem diversos estudos e autores que mostram que quando um líder se apoia em valores claros e autênticos, ele inspira mais confiança nas pessoas, engaja melhor sua equipe e toma decisões mais consistentes.


Algumas referências para vocês pensarem sobre a importância do tema:

  1. Simon Sinek, no livro Líderes Comem por Último, defende que organizações guiadas por um propósito, enraizado em valores reais, criam ambientes de confiança e pertencimento. Pessoas que se sentem parte de algo maior se envolvem mais, entregam melhores resultados e permanecem leais. Nesse cenário, os valores deixam de ser palavras emolduradas na parede e tornam-se o motor que movimenta a equipe.

  2. Outro olhar profundo sobre isso vem de Viktor Frankl, autor de Em Busca de Sentido. Neste livro ele escreveu: “Quem tem um ‘porquê’ para viver, suporta qualquer ‘como’.” Isso vale especialmente para quem lidera. Quando você sabe por que está fazendo o que faz — e esse motivo está ligado aos seus valores — fica mais fácil atravessar momentos difíceis, tomar decisões difíceis e manter sua essência, mesmo sob pressão.

  3. Me permitam mais uma provocação: James Clear, no livro Hábitos Atômicos, reforça o conceito de que nossas ações mostram quem realmente somos. Ou seja, não adianta falar sobre empatia, integridade ou coragem se o seu comportamento não acompanha. Para liderar com consistência, é preciso que o que você acredita esteja alinhado com o que você faz. Isso cria credibilidade, pois, sem credibilidade, não há liderança que se sustente.


Nesse contexto de mudanças e turbulências que vivemos, saber quem você é e no que acredita e demonstrar isso através de suas ações cotidianas se torna ainda mais importante. Líderes que não têm clareza sobre seus valores correm o risco de agir de forma incoerente, perder a confiança da equipe e comprometer o futuro da organização. Já quem se conhece bem, e vive de acordo com isso, lidera de forma autêntica, e essa autenticidade é o que inspira, une e transforma.


“Liderança não é estar no comando, é cuidar de quem está sob sua responsabilidade.” Simon Sinek.


Esse cuidado começa com uma atitude honesta de olhar para si mesmo e entender o que realmente importa. Porque, no fim das contas, liderar é agir com integridade. E integridade é viver, todos os dias, aquilo que você diz que acredita.


2. Gestão Emocional e Empatia O Coração da Liderança Ágil

Imagine liderar uma equipe ou um projeto em meio a prazos apertados, mudanças inesperadas e tensões crescentes. Aqueles que ocupam posições de liderança certamente já sentiram o peso de manter a calma quando tudo ao seu redor parece desmoronar! 


Uma liderança eficaz não depende apenas de estratégias brilhantes ou decisões rápidas. O que realmente faz a diferença é a inteligência emocional de quem está no comando,  ou seja, a sua capacidade de compreender as próprias emoções, gerenciá-las com clareza e se conectar profundamente com as pessoas ao seu redor.


Uma referência importante para o tema pode ser encontrada no livro dos autores Bradberry e Greaves, Emotional Intelligence 2.0, no qual revelam que líderes com alta autoconsciência tomam decisões 40% mais eficazes. Mas por quê isto ocorre? Porque eles pausam, refletem e regulam suas emoções antes que estas dominem suas ações. Pense nisso como um “freio interno” que evita reações impulsivas em momentos de crise.


E como não citar Daniel Goleman, um dos pioneiros a falar em inteligência emocional, que traz a seguinte analogia: “Sem autoconsciência, você é como um navio sem leme em uma tempestade.” 


Recentemente acompanhei um gerente de projetos que enfrentava conflitos em sua equipe devido a prazos apertados. Ao começar a praticar pausas para refletir, um momento para respirar e avaliar suas emoções, antes das reuniões com o time, ele transformou as conversas tensas em diálogos produtivos, reduzindo conflitos e conseguindo entregar o projeto de acordo com o prazo acordado.


Mas a inteligência emocional vai além de gerenciar a si mesmo. Aliado à empatia, que é a habilidade de entender e valorizar as emoções dos outros, elevam sua capacidade de liderança a outro patamar. Um líder empático não apenas percebe o clima da equipe, mas cria um ambiente onde as pessoas se sentem vistas, ouvidas e motivadas. 


A Universidade da Califórnia (UCLA) tem estudos em que evidenciam que práticas de regulação emocional fortalecem o córtex pré-frontal, a região do cérebro responsável pela clareza, planejamento e controle. Isso significa que, quanto mais você cultiva a gestão emocional, mais preparado estará para liderar sob pressão, mantendo a calma e inspirando confiança. 


Sim, há muita incerteza no radar e a tecnologia avança de forma exponencial, mas as relações humanas ainda sustentam o núcleo do sucesso, e assim, a empatia é uma vantagem competitiva. O LinkedIn tem dados do ano passado (2024) que indicam: 70% dos profissionais confiam mais em líderes que demonstram maturidade emocional, e equipes lideradas com empatia têm 25% mais engajamento.


Gestão emocional e empatia formam o coração da agilidade emocional, e juntas tornam-se uma poderosa combinação que lhe ajuda a se adaptar às mudanças sem perder o equilíbrio ou a conexão com sua equipe. Em tempos incertos, isso é algo que separa líderes que apenas reagem dos que verdadeiramente apontam os caminhos.


Lembre-se que: ser ágil não é tomar decisões de forma rápida; mas sim decidir com discernimento, acolher emoções sem se deixar dominar por elas e liderar com presença verdadeira. Como mentor, acredito que a liderança começa em um espaço silencioso, mas poderoso: a consciência de quem você é e do impacto que deseja causar.


Liderar com agilidade emocional não é estar no controle o tempo todo. É estar presente, centrado e aberto a ouvir, começando por você mesmo. 

Em tempos onde a confiança é o maior ativo de uma equipe, a liderança que acolhe emoções e constrói pontes humanas é a que cria e deixa um legado.


3. Autenticidade Construindo Confiança e Inovação

A autenticidade é, acima de tudo, a coragem de agir de forma alinhada aos próprios valores, mesmo quando isso envolve assumir vulnerabilidades ou admitir incertezas.

Embora isso possa parecer arriscado, os estudos mostram exatamente o oposto, como destacado por Amy Edmondson, professora da Harvard Business School, que menciona que a segurança psicológica, ou seja, a sensação de poder falar, errar e se expor sem medo de retaliação, está diretamente ligada à inovação e ao desempenho das equipes. De acordo com suas pesquisas, equipes com líderes autênticos, que promovem essa segurança, apresentam 20% mais capacidade de inovar


Sabendo disso, fica evidente que, em tempos de transformações aceleradas, liderar com autenticidade deixou de ser uma escolha e passou a ser uma necessidade estratégica. Em um ambiente marcado por complexidade, pressão por resultados e necessidade constante de adaptação, líderes que se mostram como realmente são, com transparência, coerência e humanidade , criam conexões verdadeiras, e essas conexões são o que sustentam a confiança mútua.


Quando um líder compartilha suas dificuldades, mostra-se acessível e real. Isso humaniza sua figura, aproxima as pessoas e cria um ambiente onde os membros da equipe também se sentem seguros para contribuir de forma genuína, propor ideias fora do comum e assumir riscos criativos. A confiança, nesse contexto, não nasce da perfeição, mas da consistência entre discurso e prática, e da coragem de mostrar o lado humano tão necessário e relevante no exercício da liderança.


Essa abertura emocional é especialmente poderosa em cenários de incerteza ou pressão. Em vez de esconder falhas ou fragilidades por trás de uma postura excessivamente técnica ou distante, líderes autênticos engajam suas equipes ao compartilhar aprendizados, acolher opiniões diversas e reforçar a importância de cada contribuição. Essa postura não apenas fortalece os laços interpessoais, como também estimula uma cultura de aprendizado contínuo e colaboração verdadeira.


A inovação, por sua vez, não nasce apenas de boas ideias, mas de ambientes onde as pessoas sentem que podem expressá-las. Quando há medo, há silêncio , e onde há silêncio, há estagnação. Já em contextos onde a autenticidade é cultivada, as ideias fluem com mais liberdade, os erros se tornam oportunidades de crescimento, e o trabalho ganha significado.


Ser autêntico é, portanto, mais do que ser “verdadeiro”, é ser congruente. É agir com integridade mesmo quando não há garantias, é liderar com transparência mesmo quando os caminhos não estão claros, e é inspirar não por um ideal inalcançável, mas por um exemplo real. Essa é a liderança que gera confiança duradoura e impulsiona transformações que fazem a diferença.


Num mundo que tenta nos moldar o tempo todo, ser autêntico é um ato de coragem, e de profundo amor-próprio.


O Futuro da Liderança: Resiliência e Propósito

E para concluir, quero lhe fazer um convite à reflexão, não como alguém que tem todas as respostas, mas como alguém que, assim como você, caminha buscando ser melhor a cada dia.


Num mundo onde tudo muda o tempo todo, como permanecer fiel aos nossos valores? 

Como continuar sendo quem somos, mesmo quando o medo bate, quando os desafios nos puxam para longe do que acreditamos, quando a pressão nos diz para sermos ou nos comportarmos como alguém que não somos?


A resposta que carrego comigo é esta: que nunca deixemos a resiliência e o propósito de lado. Que eles sejam a nossa bússola, nosso norte quando tudo à volta parece girar. Pois são eles a força silenciosa que nos ajuda a levantar, a continuar, a acreditar, mesmo quando o chão parece ter desaparecido sob os nossos pés.


Liderar com verdade e de forma autêntica foi uma das tarefas mais difíceis, mas também das mais bonitas que tive o privilégio de realizar.


É preciso muita coragem para assumir vulnerabilidades, para dizer “eu não sei”, para errar na frente dos outros e ainda assim se manter de pé. Requer humildade para ouvir, aprender, mudar de rota. E requer amor, por si mesmo, pelo outro, pelo que se constrói junto.


Carol Dweck nos lembra que a mentalidade de crescimento nasce da crença de que somos capazes de evoluir, mesmo quando erramos, mesmo quando falhamos. E que sorte temos nós, que podemos mudar! Que podemos recomeçar. Que podemos, todos os dias, escolher agir de forma mais consciente, mais alinhada, mais humana.


Em um tempo em que a inteligência artificial avança a passos largos, crescendo mais de 15% ao ano, segundo a McKinsey, há algo que continua sendo profundamente insubstituível: a presença humana autêntica.


Os líderes que deixarão legado não serão os mais perfeitos. Serão os mais inteiros. Aqueles que aprenderem a ouvir suas próprias verdades em meio ao ruído. Aqueles que não tiverem medo de mostrar ao mundo quem realmente são de verdade.


Porque quando a gente lidera com alma, o impacto vai muito além dos resultados. A gente toca vidas. A gente cura e é curado. A gente inspira e se inspira. A gente transforma e é transformado.


Diante do futuro que se desenha, tenhamos a coragem de permanecer autênticos, a humildade para continuar aprendendo, e o propósito como luz que guia cada decisão. Porque liderança, no fim das contas, não é sobre controle, é sobre consciência, conexão e legado.


Um Convite

Espero que este texto tenha ressoado em você, que tenha tocado algo seu, despertado perguntas, lembranças ou aquela vontade silenciosa de liderar de uma forma mais viva, mais inteira, mais humana.


Não escrevi esse texto para te convencer. Escrevi para te encontrar. Sim, para encontrar quem sente. Quem escuta. Quem, como eu, carrega no peito o desejo de estar no mundo com mais verdade, com mais alma, com mais presença.


Não deixe essa conexão passar em branco. Me escreva. Me chame. Vamos conversar. Trocar ideias, dúvidas, histórias.


Não precisa ter todas as respostas. Ninguém tem! Basta ter vontade.


Porque liderar, no fundo, é isso: é caminhar com o outro. E eu ficaria profundamente honrado em caminhar um trecho dessa jornada com você.




 
 
 

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