Do Medo à Oportunidade. Liderando em Tempos de Revolução Tecnológica.
- nardemindmentoring
- 11 de ago.
- 5 min de leitura

Entenda que as novas tecnologias não vão roubar seu Trabalho.
Mas a sua resistência à mudança pode fazer isso.
Nos últimos meses participei de algumas conversas em debates e eventos marcantes, sobre o futuro do trabalho e o impacto das novas tecnologias. Um deles foi o Fórum SAE Brasil da Mobilidade, onde falei sobre Inteligência Emocional e Adaptabilidade como competências-chave para engenheiros e líderes no cenário atual.E não é por acaso que esse tema está tão presente. Estamos vivendo uma era em que o ritmo das mudanças tecnológicas nunca foi tão acelerado e o que vimos até o momento sobre Inteligência Artificial (AI) é apenas a ponta visível de um iceberg muito maior.
Mas o que me chama atenção é que, apesar de todo esse avanço, os sentimentos que estas mudanças provocam nas pessoas não mudaram tanto ao longo da história. O medo, a resistência, a desconfiança, tudo isso já esteve presente em cada grande salto tecnológico que a humanidade deu.
Olhando a história, não há nada de novo sob o sol
Fiz uma pesquisa rápida sobre como foram as reações das pessoas para os avanços tecnológicos no passado e me deparei com situações bem interessantes. Quando a imprensa de Gutenberg foi inventada no século XV, muitos acreditavam que ela traria caos, com informações “perigosas” circulando fora do controle da elite. Isso mesmo que você leu. A elite da época temia que as pessoas comuns tivessem acesso a informações relevantes, e que isso pudesse causar caos social.
Séculos depois, com a Revolução Industrial, houve quem afirmasse que as máquinas destruíram completamente os empregos e acabariam com a dignidade do trabalho humano. Trabalhadores chegaram a quebrar teares e equipamentos para tentar “conter o perigoso progresso”.
E mais recentemente, com a chegada dos computadores e da internet, também houve um coro de vozes pessimistas: “isso vai acabar com as profissões tradicionais”, “ninguém vai mais interagir pessoalmente”, “vai ser o fim da privacidade”.
Em todos esses casos a realidade foi outra. E sim, muitos empregos deixaram de existir, mas novas oportunidades de trabalho, antes inimagináveis, surgiram.
E o principal na minha opinião: as habilidades humanas mais valiosas passaram a ser aquelas que as máquinas não conseguiam reproduzir, como a criatividade, o pensamento crítico, a empatia e a Liderança.
O que está acontecendo agora
A diferença hoje é sem dúvida a velocidade com que as mudanças ocorrem. E isto faz com que muitos sofram neste processo, pois a ansiedade em dominar tudo, conhecer todas as novidades, acaba frustrando muita gente. Surgiu o FOMO: “fear of missing out”, ou seja, aquela sensação de estar ficando defasado e por fora do último hype.
Isto ocorre pois o que antes levava décadas para amadurecer, agora se transforma em poucos anos, e às vezes apenas meses.
O que tem acontecido com a Inteligência Artificial Generativa é o exemplo mais evidente:
Em menos de 24 meses saiu do campo restrito dos especialistas para estar no celular de qualquer pessoa.
Está criando textos, imagens, vídeos e até códigos de programação.
E já influencia áreas como medicina, engenharia, marketing, logística, educação.
Esse avanço inevitavelmente gera perguntas incômodas, como: O que vai acontecer com minha profissão? Como faço para me manter relevante? E até onde as máquinas vão substituir o trabalho humano? O problema é que, muitas vezes, essas perguntas vêm carregadas de emoções e sentimentos como medo e resistência, quando deveriam vir acompanhadas de curiosidade e abertura.
O perigo de ficar parado
A história mostra que quem resiste ao novo não consegue de forma alguma parar o avanço, mas apenas se excluir dele. E o verdadeiro risco não é a tecnologia “roubar” empregos, mas nós mesmos não desenvolvermos a capacidade de nos reinventar para continuar relevantes.
No Fórum SAE Brasil, destaquei que adaptabilidade e inteligência emocional não são mais “soft skills” opcionais. Elas são competências estratégicas e que potencializam a nossa entrega em alta performance. Adaptar-se significa
Aprender continuamente;
Abertura para testar novas abordagens;
Rever crenças e práticas que já não funcionam mais;
Aceitar que mudança é parte da rotina e não um evento extraordinário.
E aqui está o ponto crítico: a tecnologia sozinha não garante progresso. O que define se ela será ameaça ou oportunidade é como nós escolhemos nos relacionar com ela.
A mentalidade que precisamos cultivar
Se olharmos para trás, as pessoas e empresas que prosperaram em períodos de grande transformação tecnológica tinham algo em comum, que era uma mentalidade aberta, exploratória e prática. Pesquisando sobre como reagiram à mudanças, podemos aprender algumas habilidades:
Curiosidade sobre o novoNão é sobre ser especialista em IA para se beneficiar dela. Mas é essencial entender o que ela pode (e não pode) fazer, e como pode melhorar o seu trabalho.
Coragem para experimentar Errar rápido, aprender rápido e ajustar rápido. As ferramentas mudam constantemente e o pior erro é esperar um “momento perfeito” para começar a fazer uso ou mesmo ter contato com as novas tecnologias.
Humildade para aprender A tecnologia, muitas vezes, será dominada por pessoas mais jovens ou de áreas diferentes da sua. Isso exige abertura para trocar experiências, sem hierarquia de saber. Sem discussão sobre conflito de gerações. Apenas adote a atitude de um aprendiz e busque conhecimento onde quer que ele esteja e sem julgar o mestre.
Foco no valor humano A AI pode (e muito provavelmente irá) acelerar processos, mas não substitui a Liderança Inspiradora, empatia e visão estratégica. Essas competências continuarão sendo diferenciais humanos e quem os dominar, terá um diferencial muito importante.
Conexão com o Fórum SAE Tecnologia e Gente no Centro das Discussões
No 22º Fórum SAE Brasil da Mobilidade, o ambiente estava impregnado de inovação: veículos mais conectados, sistemas híbridos, novas soluções energéticas. Mas, em cada conversa, percebia-se uma constante: não basta apenas dominar a tecnologia, é preciso também liderar a mudança.
Neste evento, tive a oportunidade de falar sobre como a Inteligência Emocional é um pilar para que engenheiros e gestores não apenas compreendam a tecnologia, mas também mobilizem pessoas para adotá-la de forma inteligente e ética. E, ao fazerem isso, que consigam preservar sua saúde mental e social e alavancar sua capacidade de adaptação ao longo da jornada.
Essas habilidades, muitas vezes chamadas de soft skills, mas que eu prefiro chamar de Power Skills, são o que realmente sustenta a alta performance de forma longeva. Sem essa capacidade de conectar tecnologia e pessoas, qualquer avanço corre o risco de ser subutilizado, mal implementado ou mesmo causar efeitos colaterais indesejáveis.
Um Chamado
Não acredito que estamos diante de mudanças tecnológicas ameaçadoras ou mesmo inéditas. Estamos sim diante de mais uma onda transformadora e, como sempre, a questão é sabermos tirar o melhor proveito delas para não sermos engolidos.
A escolha é pessoal e ao mesmo tempo coletiva. Cada profissional, cada líder, cada empresa precisa decidir se vai ficar na defensiva, discutindo riscos sem agir, ou se irá colocar a tecnologia a serviço dos seus objetivos e da sua evolução.
E aqui está o convite:
Leia, teste e explore novas ferramentas e tecnologias;
Participe de debates, troque experiências, questione usos e impactos.
Treine sua adaptabilidade como uma habilidade diária, e não como um recurso de emergência.
Conclusão
As tecnologias não param e nunca pararam. E para que possamos não apenas sobreviver à essas ondas de mudanças, precisamos colocar em prática nossa disposição de aprender, desaprender e reaprender. Ou seja, se Reprogramar.
Hoje, mais do que nunca, precisamos lembrar que liderar é integrar: unir o melhor da capacidade humana ao potencial da tecnologia, sem abrir mão da nossa saúde mental, da nossa capacidade de conexão social e da nossa adaptabilidade.
Se fizermos isso, a AI e outras inovações deixarão de ser vistas como ameaças e se tornarão nossas aliadas poderosas para criar um futuro mais eficiente, criativo e profundamente humano.




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