Decisões que mudam tudo!
- nardemindmentoring
- 24 de jul.
- 5 min de leitura

O Que Ninguém Te Conta Sobre Transições de Carreira
Pensamos e planejamos nossa trajetória profissional para seguir uma linha reta. Estudamos, escolhemos uma área, conquistamos cargos, recebemos promoções e tudo parece caminhar como o esperado.
Até que um dia, o incômodo chega. Primeiro de forma bem sutil. Depois, torna-se um pouco mais insistente. E então, a inevitável conclusão: não estamos mais no lugar certo.
É aí que começa o capítulo que quase ninguém nos preparou para viver, e que muitos esperam não ter que enfrentar: a transição de carreira.
E ela não manda mensagens nos preparando para sua chegada. Ela simplesmente começa a se manifestar, de forma muito elegante, enquanto questiona a sua rotina, o seu sucesso, e até mesmo as suas certezas.
Mas e o que fazer neste momento? Há solução para esta situação?
Primeiro, vamos falar sobre o mito da linearidade
Crescemos acreditando que uma boa carreira é aquela que sobe como uma escada bem definida. Mas a verdade é que as trajetórias profissionais raramente são lineares. Na verdade elas são feitas de curvas, desvios, reinvenções e, em alguns casos, de rupturas dolorosas.
Outro aspecto que ninguém nos conta é o peso emocional deste processo de desenvolvimento profissional. Trocar de emprego, mudar de setor, empreender após ter trabalhado como CLT ou até se aposentar. Todos são movimentos que não se sustentam apenas com plano de negócios, currículos atualizados ou networking. Eles exigem coragem para olhar no espelho e dizer: “isso já não me serve mais.”
E, talvez, nunca tenha servido e você apenas aprendeu a se moldar.
Pense um pouco sobre essa frase. Porque além de nos questionar, ela desestabiliza a imagem que os outros têm de nós. Ela mexe com o ego, com a “pseudo estabilidade", com a identidade corporativa que criamos para nos apresentar. E quando nos damos conta sobre o quão frágil é essa identidade, não há cargo que preencha o vazio.
O luto da antiga versão
Ouvi recentemente de um colega sobre a sensação de luto que ele viveu quando se convenceu que precisava fazer uma transição de carreira.
E por que isso ocorre?
Falar sobre carreira é, quase sempre, falar sobre identidade. Como citei anteriormente, nos definimos pelo que fazemos. E quando deixamos de fazer algo, sentimos como se estivéssemos perdendo uma parte de nós.
Esse é um processo silencioso que raramente é reconhecido. E na analogia com o luto, ele precisa de tempo, de aceitação e de um novo sentido.
Você pode ter conquistado tudo que sempre quis, o cargo, o salário, a reputação e, mesmo assim, sentir-se vazio. Mas como explicar isso para quem te admira? Como aceitar que aquela “versão de sucesso” que você construiu com tanto esforço precisa ser deixada para trás? Parece não fazer sentido, não é mesmo?
Mas aqui, abandonar o antigo não é ingratidão, e sim sinal de maturidade.É reconhecer que sucesso sem alma pesa mais do que fracasso com significado.
A sensação de que algo parece estar errado não é apenas pela função que você deixa. É pela história que termina. Pelos relacionamentos que mudam. Pela rotina que se desfaz. E, principalmente, pelas certezas que se desmoronam.
Você precisa entender que quando estas certezas caem, começa a liberdade de construir novos caminhos.
A travessia é solitária mas não precisa ser isolada
Toda transição de carreira é, em algum grau, uma jornada solitária. Só você sabe o que está sentindo, e só você carrega o peso das expectativas, das dúvidas, do medo do passo em falso e consequente fracasso.
Mas há uma importante diferença entre solidão e isolamento.
Estar só é parte do processo. Já permanecer isolado é um risco desnecessário.
Você não precisa atravessar esse processo sozinho. Mentores, coaches, terapeutas, amigos conscientes, todos podem funcionar como faróis temporários enquanto você atravessa a neblina da incerteza. Eles não te darão respostas prontas, mas ajudarão a sustentar a sua escuta. Vão lhe auxiliar a compreender que você não “está louco” por querer mudar. Nem fraco e muito menos ingrato. Apenas despertou, pois saiu do piloto automático.
A grande virada acontece quando você começa a perceber que mudar não é um fracasso e sim um ato de honestidade. E honestidade com você mesmo é o primeiro passo da liberdade.
Não a liberdade não de fazer o que quiser, mas de viver o que faz sentido pra você.
O ponto de ruptura quase nunca é técnico
Engana-se quem pensa que as maiores decisões de carreira são baseadas apenas em salários, funções ou organogramas.
O ponto de ruptura quase sempre é emocional.
Pois é o corpo que começa a falar aquilo que a mente tentou silenciar.
A energia para trabalhar diminui, o sono se torna instável, o domingo começa a pesar mais do que deveria e a segunda-feira chega carregada de uma realidade que já não conversa mais com quem você está se tornando.
Você já não se reconhece nas reuniões que frequenta. Percebe que lhe pedem para defender causas que não conversam com seus valores. E o corpo começa a reagir a tudo isso, adoecendo por carregar, dia após dia, uma rotina que perdeu o propósito.
Você até pode racionalizar, mas no fundo já sabe que o jogo teatrau já terminou, mesmo que o crachá ainda esteja no seu peito.
Por isso, mudar de carreira exige coragem sim. Mas não é só coragem para enfrentar o mercado. É coragem para encarar a sua verdade.
E verdade interna é aquilo que você não consegue esconder.
Nem todo movimento é visível.
Um erro comum em transições de carreira é achar que “mudar” exige um anúncio público, uma nova bio no Instagram ou um email de despedida.
Mas as verdadeiras mudanças começam no modo invisível e muitas delas terminam da mesma forma.
No desconforto silencioso. Na vontade de dizer “não”. No brilho que some dos olhos. Ou no entusiasmo que ressurge quando você pensa em algo novo.
A alma se antecipa à sua atualização de cargo no LinkedIn.
Ela já sabe que o ciclo acabou, mesmo que você ainda esteja tentando insistir.
Muitos dos meus mentorados chegam dizendo: “eu não sei o que quero” ou “eu não sei o que fazer!”. E com o tempo, descobrimos juntos que o problema não é falta de visão, mas sim o excesso de ruído. É apenas o medo de desapontar (ou se desapontar) e a pressão para seguir no caminho “mais lógico”, que está fazendo seu jogo psicológico.
Portanto, antes de buscar o próximo cargo ou mesmo a nova empresa, talvez seja necessário reencontrar a versão de si mesmo que você abandonou. Sim, aquela versão que você sufocou lá atrás para caber num molde que lhe impuseram para ser aceito no mundo corporativo.
Não existe atalho neste processo, mas existe direção
Transições verdadeiras não têm prazo fixo. Algumas normalmente levam meses. Outras, alguns anos. Mas aqui o que importa não é a velocidade, mas a integridade com a qual você faz esse caminho.
Pode ser que você tenha que desacelerar ou mesmo parar em alguns momentos. Pode ser que precise voltar a estudar, aceitar uma posição diferente, investir em algo incerto.
Tudo isso faz parte do processo.
Avançar, pode às vezes, parecer retroceder aos olhos dos outros. Mas você sabe que está indo na direção correta.
A chave é trocar a pergunta, indo de “o que eu vou fazer agora?” para “quem eu quero ser daqui em diante?”
Porque carreiras sustentáveis são construídas de dentro para fora e não o contrário, como via de regra fazemos.
E tenha certeza de que quem planta coerência, colhe Paz.
Um convite final
Se você sente que está à beira de uma grande decisão, honre esse chamado. Não o trate como crise. Trate-o como um importante sinal a ser observado.
Talvez seja o início do seu próximo grande ato. E muito provavelmente ele tenha começado silenciosamente, com um simples pensamento que você ainda não teve coragem de aceitar e dizer em voz alta .
Pois apenas diga!
Porque tudo muda quando você muda a pergunta. E às vezes, a pergunta certa não cabe mais em um plano de carreira pensado anos atrás. Ela cabe apenas em uma mente inquieta, mas pronta para recomeçar.
E neste caso recomeçar não significa voltar ao início. É voltar a si!
Portanto, divirta-se na Jornada!




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