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Como Abraçar Seus Erros? E mais importante: como aprender com eles?

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Uma Jornada de Aprendizado e Crescimento


Imagine que você está no meio de uma apresentação importante no trabalho. As palavras saem, o slide avança, e de repente você percebe: errou feio. Um dado incorreto, uma ideia mal explicada, e o silêncio constrangedor que vem a seguir parece durar uma eternidade. O coração acelera, o rosto cora, e a mente grita: “O que foi eu fiz?”. Esse instante que muitos de nós já conhecemos bem, é o ponto central do que iremos explorar neste artigo. Não se trata do erro em si, mas do que acontece depois: a escolha de ignorá-lo, lamentá-lo ou, uma opção pouco usada pela maioria de nós, que é abraçá-lo como uma oportunidade de aprendizado genuíno.

Vivemos em uma era que idolatra o sucesso instantâneo, com redes sociais repletas de vitórias polidas e editadas, fazendo com que erros e falhas se tornem um pecado imperdoável. A realidade, porém, é outra: os erros não são nossos inimigos; são, frequentemente, os blocos de construção do crescimento pessoal e profissional. Na sequência do texto, quero explorar as possibilidades sobre como acolher seus tropeços, extrair lições úteis e, acima de tudo, transformar essas experiências em combustível para evoluir. Já deixo o aviso de que não existe receita mágica; existe sim um caminho prático e acessível a quem estiver disposto a olhar para dentro com honestidade. Com um tom que mistura conversa franca e reflexão séria, vamos caminhar juntos, passo a passo. Ao final, minha expectativa é que você saia não apenas inspirado, mas melhor preparado para a próxima queda que virá, porque somos humanos.

E por que isso importa tanto? Porque, sob constante pressão, a aversão ao erro pode nos paralisar. Estudos apontam que o medo do fracasso aumentou significativamente entre jovens na última década, com impactos consideráveis na ansiedade que os mesmos dizem sentir. Mas e se a atitude de  reconhecer e aprender com esses momentos for exatamente o que nos permite crescer e evoluir em todas as dimensões da nossa vida? Vamos então começar, entendendo o porquê?

Um peso invisível Por que evitamos os Erros e como isso nos prejudica

Sejamos bem francos: ninguém gosta de errar. É desconfortável, em algumas situações até humilhante, especialmente quando o entorno parece exigir perfeição. Lembra daquela vez em que você preferiu o silêncio, ao invés de apresentar uma ideia nova por medo do julgamento? Ou quando, após um deslize numa conversa, preferiu se retrair em vez de pedir feedback e aconselhamento? Esse é um mecanismo de defesa clássico que todos nós temos, e é um vestígio evolutivo que antes nos protegia em tribos, mas que hoje muitas vezes nos sabota.

O efeito prático dessa aversão a erros pode ser a estagnação. Pense no contraste entre “mentalidade fixa” e “mentalidade de crescimento”, conceito que foi popularizado por Carol Dweck no seu livro “Garra”. Na mentalidade fixa, habilidades são vistas como traços imutáveis; e portanto, um erro vira uma sentença. Na mentalidade de crescimento, erros são informações úteis, ou seja, sinais de onde é preciso praticar mais. A neurociência também contribui aqui: o cérebro forma novas conexões quando adotamos uma postura de aprendizado diante do fracasso; se ao contrário, ignoramos, perdemos a oportunidade de fortalecer esses caminhos. No cotidiano, isso se traduz em promessas não cumpridas, promoções que não chegam e relacionamentos que se desgastam por orgulho ou mesmo teimosia. Eu mesmo já sustentei uma estratégia equivocada por orgulho, e o custo real não foi só o atraso, mas a confiança corroída. Errar é humano; sim, e aprender com o erro ainda mais humano, e acima de tudo, uma escolha.

Abraçando o Inevitável Transformando a sua relação com os Erros

Abraçar erros não significa tratá-los como algo divertido ou mesmo tentar torná-los irrelevantes. Significa mudar a narrativa interna: de um possível “sou um fracasso!” para “o que posso aprender com isso e que fazer para melhorar?”. Minha sugestão: comece pelo gesto simples e poderoso de respirar, pausar e reconhecer o tropeço. Você não é o primeiro, nem o último a passar por uma situação como essa. De Thomas Edison aos grandes autores rejeitados no início de suas carreiras, a história está cheia de fracassos que viraram enormes sucessos.

E na prática, isso passa pela aceitação emocional. Quando o erro ocorrer, pare por um momento e pergunte-se “o que estou sentindo agora? vergonha, raiva, frustração?” Identificar e nomear as emoções reduz sua intensidade; este princípio está bem documentado nas práticas de inteligência emocional. Em seguida, reflita: “o que isso me ensina sobre mim ou sobre o contexto?” Essa mudança de perspectiva tem raízes em abordagens terapêuticas como a terapia cognitivo comportamental e realmente funciona: transforma o erro, que inicialmente era um antagonista, em um aliado.

Outra sugestão prática: implemente um ritual simples todo fim de dia, como escrever sobre um erro e qual a lição associada. Pode ser algo pequeno, como uma resposta impulsiva num e-mail, ou algo um pouco mais relevante, como uma decisão temperamental e mal calculada. Externalizar o episódio cria espaço para autocompaixão e análise. Carol Dweck nos lembra de recorrer ao mindset de crescimento diante de obstáculos, e com a prática, você constrói sua resiliência emocional, que é um recurso essencial para a motivação contínua no aprendizado.

E por que não, um toque bem humano: ria de si mesmo quando fizer sentido. Compartilhe o episódio com alguém de confiança, não para se vitimizar, mas para humanizar a questão. “Queimou o jantar de novamente?; lição: alarmes podem ser grandes amigos.” O humor em tais situações alivia a pressão e reinstala a normalidade do erro. Com o passar do tempo e a dose certa de persistência, esse acolhimento se transforma em algo instintivo e natural, e os erros deixarão de carregar o poder de te desestabilizar de verdade.


Da Teoria à Prática Estratégias para Aprender em cada Tropeço

Aprender com erros exige consistência e método. Não basta apenas reconhecer que algo deu errado, é preciso transformar a experiência em aprendizado prático. 

Um caminho simples e muito eficaz é utilizar uma reflexão estruturada, como o modelo: “O quê? Por quê? E agora?”. Utilize estas perguntas na primeira etapa. Em seguida, vem a reflexão: “O quê aconteceu?” Descreva os fatos de forma objetiva, sem julgamentos ou justificativas emocionais. Isso ajuda a separar a realidade da interpretação. Continuando, parta para o “Por quê?” Investigue as causas raízes que o levou a cometer o erro: foi falta de preparação? Um viés cognitivo (crenças internas) que distorceu sua análise? Ou talvez a pressão externa de tempo, hierarquia ou contexto cultural? E por fim vem o “E agora?” Traduza o aprendizado em ações concretas, que pode ser criar um checklist para situações futuras, buscar feedback de colegas de sua confiança, treinar uma habilidade específica ou adotar novas práticas de preparação. Quando esse ciclo se repete de maneira disciplinada, o erro deixa de ser um obstáculo e passa a ser um impulsionador para evolução contínua.

Se, por exemplo, você errou numa negociação por não ouvir de forma ativa, reflita: “Eu foquei demais na minha agenda e acabei perdendo sinais não verbais.” A partir daí, planeje: praticar escuta ativa, usar perguntas abertas, resumir o que ouviu. Esse tipo de análise reduz a probabilidade de repetição e gera melhoria real. Pesquisas mostram que reflexão estruturada pode elevar desempenho em tarefas similares, pois o cérebro consolida aprendizagem por meio da revisão intencional.

Procure feedback externo: não busque por elogios, mas sim peça críticas construtivas. Sei que é muito difícil para alguns, mas pergunte a mentores ou colegas: “o que eu poderia ter feito diferente ou o que poderia ser melhor?” Eles enxergam ângulos que você não vê e podem trazer contribuições muito relevantes. Importante filtrar o ruído: valorize o que é útil e pratique uma coragem seletiva para implementar as mudanças necessárias. Em erros públicos, como um post equivocado nas redes, transforme o episódio em case: corrija com transparência, explique a lição e siga adiante. A autenticidade tem poder de reparar reputações.

Use ferramentas (aplicativos) para registrar seus aprendizados (“Lições Aprendidas”), ou mesmo um documento compartilhado com a equipe para registrar a evolução e o dia a dia de um projeto, por exemplo. E permita-se experimentar: trate o erro como dado científico, teste variações. Uma dieta que falhou? Tente um protocolo diferente. Falhas geram dados importantes, como acontece em um experimento controlado, e sabendo interpretá-los, tornará você o mentor da sua própria jornada.

Por fim, cultive a gratidão pelos erros. Isto parece muito contraditório, mas agradecer pelas lições transforma totalmente a perspectiva: aquilo que antes era humilhação vira combustível. Essa atitude alimenta a motivação, que é fundamental para persistir quando os benefícios demoram a aparecer.

Crescendo Além do Erro Transformando Lições em Transformação Duradoura

Importante te lembrar que aprender é apenas o meio, uma vez que crescer e evoluir é o grande objetivo. A transformação exige hábitos que perpetuam o ciclo virtuoso.


Amplie intencionalmente sua zona de conforto (ou desconforto): proponha “riscos calculados”; arriscar algo novo semanalmente, de forma intencional e sabendo que pode falhar, é algo muito poderoso. Um hobby diferente, uma conversa difícil, um projeto experimental: o objetivo é desmistificar o risco de errar.

A PNL (programação neurolinguística) também nos auxilia nesse processo. Reescreva sua narrativa pessoal: troque o “eu sempre falho em X” por “melhorei em X depois de tropeçar Y vezes”. Esse movimento constrói a autoeficácia, conceito proposto pelo psicólogo canadense Albert Bandura, que se refere à crença na própria capacidade de realizar tarefas específicas e superar desafios, fomentando auto motivação e perseverança. E muita atenção aqui! Com o tempo, padrões começam a emergir e a gritar em nossa cara: erros de comunicação podem indicar necessidade de empatia; deslizes financeiros denotam uma possível falta de planejamento e ou conhecimento específico. Use essas pistas para alcançar objetivos maiores, como por exemplo uma promoção, uma posição de liderança mais presente, um relacionamento mais saudável.

E lembre-se também de compartilhar o aprendizado. Quando você divide lições em um artigo, reunião ou conversa de equipe, acaba fixando o conhecimento e também inspira outros, de uma forma que você nem imaginava. Da mesma forma, em empresas ou equipes, que cultivam a abertura para falar sobre os erros cometidos, tendem a criar um ambiente mais inovador e melhora a retenção e engajamento. Isto acontece pois, no plano pessoal, a vulnerabilidade gera conexão, e esta por sua vez, gera confiança.

Assim como um objetivo pessoal ou de negócio, é preciso medir o seu progresso quanto ao aprendizado com as falhas e erros. Estabeleça uma frequência de revisão, e faça as seguintes perguntas: “Quantos erros abracei neste último período (semana, mês)? O que mudou e o que aprendi?” Aproveite para celebrar os pequenos avanços: superou um medo, tentou algo novo. Ótimo! Qual foi a sensação? Como toda evolução, o crescimento aqui não é linear, e podem haver platôs e recaídas, mas a cada novo ciclo você se sentirá mais fortalecido. Como Carol Dweck destaca, cultivar a mentalidade de crescimento é uma decisão diária, que ao ser regularmente praticada, amplia seus horizontes e desbloqueia seu potencial.

Um Passo de Cada Vez Um Convite para a Mudança

Aqui termina o texto deste artigo, mas começa a sua prática. Abraçar erros, aprender e crescer não é um evento pontual; é um exercício que demanda disciplina contínua, tornando você mais resiliente, sábio e humano. Na próxima vez que tropeçar, e isso vai acontecer, lembre-se: não é o fim do caminho, é uma curva que revela novas possibilidades e novas ideias.

Experimente ainda hoje: escolha um erro recente e aplique uma das estratégias que foram aqui descritas. Reflita, aja, ajuste, reavalie. E se precisar de companhia, volte aqui, pois errar em comunidade dissipa a solidão e torna o caminho mais leve.

E me diga: qual erro você escolherá para abraçar primeiro?


 
 
 

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