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A sombra do desalinhamento: quando o fazer se desconecta do ser.

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Mas afinal, por que faço o que eu faço?


Ultimamente tenho percebido um fenômeno recorrente nas conversas com profissionais de diferentes áreas e níveis hierárquicos.


Muitos reclamam do trabalho, do cargo, da empresa e até do salário. Dizem que se sentem estagnados, desmotivados, cansados ou mesmo desvalorizados.


Mas quando olhamos com um pouco mais de profundidade, percebemos que o problema raramente está apenas no ambiente ou nas circunstâncias externas.


O que está acontecendo, na verdade, é algo bem mais sutil, e muito mais relevante: a desconexão com o propósito.


O sintoma é o descontentamento. Mas a causa é interna.


Reclamar virou quase um esporte corporativo. Faz parte da conversa no café, do desabafo no final do expediente e das mensagens trocadas entre colegas. Mas poucas vezes paramos para questionar por que estamos tão insatisfeitos.


Como seres humanos, nossa tendência é buscar culpados externos: o chefe, a cultura da empresa, a falta de reconhecimento, a remuneração...e por aí vai.


E sim, tudo isso pode ser real e, de fato, é importante. Mas existe uma camada mais profunda, que tem a ver com o sentido que damos ao que fazemos.


Quando você perde a clareza sobre o porquê do seu trabalho, o cotidiano se torna apenas uma sequência de tarefas, ou seja, uma rotina sem sentido algum. Você passa a viver no modo automático, cumprindo o papel que os outros esperam de você, sem se perguntar se esse papel ainda faz sentido para o que um dia você pensou para a sua trajetória profissional.


O propósito não é algo “místico”.

É simplesmente o que alinha sentido, valor e energia.


É comum as pessoas associarem propósito a algo grandioso, como uma causa ou missão inspiradora. Mas, na prática, o propósito é aquilo que dá coerência entre quem você é, o que você faz e o impacto que quer gerar.


É o que faz você levantar da cama com energia, mesmo em dias difíceis. É o que conecta suas competências à sua contribuição. É o que te lembra por que vale a pena permanecer, e também quando é hora de mudar.


Quando esse eixo se perde, o trabalho deixa de ser fonte de realização e passa a ser apenas uma moeda de troca: tempo por dinheiro. E é aí que surge o vazio. Você tem cargo, salário, benefícios, reconhecimento, mas sente que algo essencial ficou pelo caminho.


Três sinais de que você pode ter se desconectado do seu propósito:

1. Você vive no piloto automático. Executa tarefas, participa de reuniões, entrega resultados, mas não sente nenhum entusiasmo genuíno pelo que faz. O trabalho virou uma sequência de rotinas, não um espaço de expressão da sua melhor versão.


2. Você mede tudo apenas por retorno imediato. Salário, bônus, status, aprovação; esses elementos são importantes, mas, quando se tornam o único termômetro, algo está muito errado. O propósito vive no campo do sentido, e não apenas no da recompensa.


3. Você sente que perdeu sua voz. Passa mais tempo agradando ou se adequando do que expressando quem você é. O medo de decepcionar, ou mesmo a necessidade de agradar, se sobrepõe ao desejo de ser autêntico.


Mas e o que fazer se isso está acontecendo com você? Reconectar-se ao seu propósito não significa largar tudo. Significa se reencontrar.

Muitas pessoas acreditam que “viver o propósito” exige abandonar o emprego, empreender ou mudar radicalmente de área.


Nem sempre esta é a solução!!


Reconectar-se começa, muitas vezes, com algo simples: relembrar o que te inspira, o que te move, o que te faz sentir vivo. Pode ser um projeto interno, uma conversa honesta com um mentor ou com alguém de sua confiança, uma reinterpretação do papel que você desempenha.


E em alguns casos, pode sim significar o início de uma transição, mas que deve ser planejada e feita de forma consciente, e não apenas por fuga.


Em outras palavras, reconectar-se é um processo de autoconhecimento e coragem emocional. Exige olhar para dentro, silenciar o ruído externo e escutar de novo, a própria voz.


  • Algumas perguntas que podem ajudar nessa jornada: O que realmente tem valor para mim neste momento da vida?
  • Em quais situações eu me sinto mais energizado e realizado?

  • O que eu faria se o medo e o julgamento dos outros não existissem?

  • Meu trabalho atual ainda reflete quem eu quero me tornar?

  • O que eu posso ajustar hoje para me aproximar de algo mais coerente comigo?


Essas perguntas não têm respostas prontas. Mas começar a refletir sobre elas é o primeiro passo para sair do piloto automático e voltar a assumir o comando da própria trajetória.


Reflexão final

Tenha em mente que o propósito não é um destino fixo. É um processo contínuo de alinhamento entre o que você faz e quem você se torna nesse percurso.


Quando você ignora isso, a vida cobra em forma de cansaço, desânimo e sensação de vazio. Mas, quando você o reencontra, mesmo que em pequenas doses, tudo ganha nova cor, novo ritmo, novo sentido.


E lembre-se sempre: propósito não é conversa motivacional, pois quando ele falta, até o melhor emprego parece pesado demais.


Para refletir

“O que você está fazendo hoje, ainda está alinhado com o que mais importa para você?”


Se essa pergunta te deixou desconfortável, talvez seja exatamente o convite que você precisava para se reconectar com o seu propósito.

 
 
 

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